BERRANDO ÓPERAS

Poeta sem inspiração é mar seco,

voz oca, querer esquisito.

Seus ossos titubeiam, âncoras gaguejam,

olhos veem o que está à frente

e nada mais.

Sem inspiração, poetas emburrecem,

ficam ásperos, acuados, desmamados,

parecem ventos perdidos, à deriva,

e nada mais.

Quando a inspiração descola dos poros,

a alma cabisbaixa, enfeia, entorna,

se faz derrotada, desmantelada, abobada,

fica chão descolorido, desmontado,

e nada mais.

Mas quando a inspiração à casa torna,

o céu arrepia, berras óperas, ascende,

fica como Deus tanto quis

e nada mais.

 

 

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 05/03/2022
Código do texto: T7466087
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