VIRAMUNDO

À mesa,

aquele velho

tornava-se outro.

Magnoloquo,

douto.

Lises sanadas em éter;

derivado

à sorvida Antiguidade,

num sopro.

Não que sábio

não o fosse

o Velho!

Ele,

eloquente.

Eu,

aos 4,

ou 5

alunado

em ignóbeis

e descortesas

faltas vis.

Naqueles longínquos Orientes

(dos babilônios, persas, efésios),

ecoando pela antessala

frases,

orações,

períodos e mundos difusos;

discursos profundos.

Forjei à escória

dos mais íngremes confrontos,

quantificados à fugidia

Metahistótria,

ou casamatas duma Física

anterior à mim;

aos épicos,

aos sacerdotes primários,

aos guerreiros centenários.

O meu velho não se alheava

dos píncaros ancestrais,

dos mais céleres

cataclismas delirantes,

das transposições pré-Exodídicas

ao Agnus Dei.

Nos Himalaias

já escrita

a ressonada ascensão

de um arcanjo áurico,

e outro revolto,

presenciei.

Fosse o tempo

a sentir-me um infante lauto,

em sabáticos elóquios,

como únicos;

como poucos.

Ele,

apresentava-se à mesa,

eu nem me sabia ainda!

O Velho

à tônica de si,

era o Outro.

Não mentia.

(RODRIGO PINTO)

RODRIGO PINTO
Enviado por RODRIGO PINTO em 11/03/2022
Reeditado em 19/10/2022
Código do texto: T7470627
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