A imagem do Nordeste
Nesta manhã, vi uma senhora parecida com minha mãe. O andar era muito semelhante, sempre andando de forma ligeira e as enormes sobrancelhas de minha mãe estavam lá também.
O rosto de minha falecida mãe lembra o Nordeste, me lembra o sertão e nossos sapatos de couro falsos.
Nós éramos como andarilhos tentando encontrar um destino. A estrada era um êxodo da esperança.
Minha mãe nunca reclamou, mesmo sozinha e tão solitária. Tinha muita força nos ombros, no falar e nos olhos.
Quando o cansaço de quem já manca aparecia, ela permanecia com o mesmo olhar. Aquele olhar sério e ao mesmo carinhoso, rígido, porém amoroso.
Algo dentro dela desejava um descanso, mas a fé no longe, naquilo que ela não podia ver, era o que a sustentava.
A imagem do Nordeste é de uma mulher, uma mãe, minha mãe.
Hoje sou o que ela construiu, que seria mais tarde moldado pelo Nordeste e na metamorfose da vida transformado em um velho, o qual já deseja descansar e ver minha mãe novamente. Quem sabe no nordeste celestial.