O medo medonho

Eu não lembro desde quando eu morro de medo de corredores escuros. Pavor.

Passo bem rápido - quase que correndo.

Eu não lembro desde quando eu morro de medo de olhar por cobogós/basculantes à noite. Vai que vejo um olho me olhando de lá!

Passo olhando pra baixo - quase que tapando a visão periférica.

O medo - nesses casos - é uma sensação tosca arretada. Deve vir da minha infância assombrada por Freddy Krueger, Jason...

Pois ontem, pasmem, ontem eu me desafiei. Era noite e eu desliguei as luzes e o músculo da perna queria imprimir um ritmo que eu não obedeci. Olhei firme para o basculante e caminhei normalmente com o copo d'agua na mão. O corredor escuro nem deixava desenhar minha imagem no espelho.

Lentamente. Devagar. Eu. Caminhei.

Senti pena dos clássicos do terror dos anos oitenta. Da falência da validade das caras e caretas. E cheguei a rir da insolência de Chucky.

Mas, quando eu pensei que as gêmeas poderiam estar por ali em algum lugar...

Não lembro bem de mais nada... quando cheguei no quarto, a água do copo tinha toda caído e eu estava deitada na cama tentando não ver a forma de uma pessoa na toalha que estava pendurada atrás da porta.

Ana Maria de Queiroz
Enviado por Ana Maria de Queiroz em 30/03/2022
Código do texto: T7484429
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