Da última vez que vi Beatriz

Na última vez que estive com Beatriz

passei do limite comigo mesmo

no sentido de esperar

que algo pudesse acontecer

além da realidade dos fatos

postos na mesa.

enfim.

Um mês antes eu a tive em meus braços

e um porcento,

talvez,

do poderíamos ser

se concretizou,

como um raio tocando o chão,

apenas por um instante.

E meu estômago se desfez

num enxame de borboletas

e meu peito disparou

num estalo

de ilusão.

Quando juntei o que restava de mim,

no meio dos pensamentos

que inundavam minha cabeça

os dedos de Beatriz

escorreram da minha mão,

e ela desapareceu

numa escada giratória

como se tivesse fugido

para outra dimensão.

Impossível relatar a extensão

do meu desalento

e do meu desencanto.

só não foi maior

do que dor

de vê-la em braços aleatórios

pouco tempo depois,

por circunstâncias

e coincidências

astrais

imprevisíveis

incontroláveis.

e além da compreensão.

Mas eu bati meus pés no chão

em protesto,

contra minha inocência.

contra a teimosia

do destino,

e contra a minha vontade

de morrer.

Sigo vivo para insistir no erro,

Teimoso,

muito mais do que ela

Muito mais do que eu previa

que eu poderia ser.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 30/03/2022
Reeditado em 30/03/2022
Código do texto: T7484533
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