É preciso falar

É preciso falar

Quando esperam que eu me cale

É preciso gritar em alto e bom tom

Que não barganho com minha liberdade

Minha liberdade não é moeda de troca

Foi conquistada às custas de muitas lágrimas

De valor inestimável, nesta vida inglória

Não estou aqui pra ser questionada

Não há nada que prenda meus passos

Minha palavra denotam princípios

São reflexos de todos meus atos

Sou o que sou, porque mereço castigo?

Sou navegante na vossa incompreensão

Enfrento calúnias, e todo tipo de injúrias

Que importa a vossa difamação?

Fui despertada para a liberdade absoluta

É preciso deter bocas que falam e nada sabem

Das tantas lutas que travamos sem ninguém vê

Tentando digerir tanta imbecilidade

Da língua ligeira, o dedo apontado a ofender

Pensam que podem nos deter, nos limitar

Fui concebida pra ser o melhor que puder

Sem amarras nós pés pra tentar me guiar

Estou e vou onde quero, libertária mulher

Tire meu nome de sua boca imunda

Se não me conhece, nem ouse mencionar

Vá pra longe de mim com tantas conjecturas

Se me conhecesse de fato, saberia respeitar

É preciso falar desse credo que nos forçam

De tantas regras que nos depreciam

Romper esses estigmas que nos amordaçam

Quebrar as forças que a tempos nos humilham.

É preciso quebrar o silêncio

Dos tantos achismos, e suposições

É preciso frear tantos desrespeitos

De quem não conhece nossas aflições

É preciso calar quem julga nossa aparência

Acabou-se o tempo da penitência do cilício

Se não vê nossa verdadeira essência

Por gentileza não atravesse nosso caminho.

Maria Mística

Heterônimo de Andreia O. Marques