Tálamo

Houve tempo em que o amor parecia existir na sua mais sublime forma

E sentido de forma tão intensa, que preenchia cada pequena fresta que nunca fora antes desbravada.

Em meio as chamas havia ternura, vivida por dois,

Mas talvez por um apenas.

O tempo que trouxe também levou,

E como uma única gota em meio a chuva,

O amor perdeu-se no consueto da vida,

Mas as lembranças ainda são um mal que a ambos assola,

Mas talvez a um apenas.

E na laceração forçada de cada ligação ao que se passou,

Seguiu-se, cada um em seu caminho

Na eterna busca pelo que ambos já haviam encontrado,

Mas talvez, um apenas.

Encontrou-se enfim o fim.

No conforto da calmaria do lar,

De volta ao começo,

Donde antes saíra feroz,

Em busca da ternura que,

Frente ao medo, prontamente abandonou.

Hoje, tudo está quase pronto,

Tudo ensaiado,

Tudo deve convencer.

Papel, caneta, olhares, pequenas expressões e o firme, silábico e factício som de autoafirmação.

Até amanhã haverá Insônia,

Que deveria ser de dois,

Mas é de três,

Mas talvez de um apenas.