Lassidão

Dói.

A memória,

O medo de perder faz com que ela, mesmo dolorosa, ainda exista.

O medo da solidão,

O medo de perder tudo,

O medo de não conseguir.

Dói.

Dói o vislumbre de um futuro que nunca acontecerá.

Sinto meu corpo flutuar ancorado pela peito.

Enquanto minha mente quer apenas a luz, meu coração se fecha na sua própria escuridão,

E dói.

Dói que a felicidade não seja como eu imaginei.

Dói saber que a paz é uma ilusão, baseada no quanto somos capazes de ignorar a dor que está a nossa volta.

Sinto como se meu corpo estivesse em várias realidades e que em cada uma eu escolhi seguir de outra maneira.

Talvez lá seria mais feliz.

E dói.

Queria poder esquecer completamente de tudo e recomeçar minha vida do zero.

Queria acordar em algum momento e perceber que fora tudo um sonho.

Mas como não acordo, dói.

Minha mente se dispersa em pequenas distrações que me fazem crer, por poucas horas, que a vida é como é.

Mas nem tudo é dor, existem momentos de riso fugaz, de felicitações, momentos em que mais vale fazer quem está ao meu lado sorrir.

Em contrapartida, me sinto mal de não estar totalmente satisfeito com tantas coisas boas que a vida me proporcionou.

Me sinto triste, ingrato e escravo das memórias ruins e dos vislumbres de antigos futuros, que não podem mais se tornar realidade.

Em algum momento tudo pode mudar?

Dói

A espera infindável da solução para um problema que só existe por uma perspectiva que minha própria mente criou.

Eu tenho tudo e sinto como se nada tivesse.

Eu fiz o certo e fiz o errado, felizmente só cabe a mim lembrar.

Eu estou escrevendo a mim na madrugada de uma sexta-feira,

E está doendo.

Eu vivo com o constante desejo de desfecho, de fim.

Estou cansado. Preciso dormir melhor.