Da qualidade dos Indecisos
Um indeciso tem uma moeda na mão
sem qualquer pretensão de sorte
ou qualquer possibilidade de azar
tenta no cara ou coroa
proteger-se das dúvidas
que o afasta da verdade.
E a verdade não é uma rocha.
É estar-se frente ao mar
E sozinho observar o movimento
Das ondas e os mistérios do mundo
A verdade não é ter certezas.
Não basta falar por saber dizer
É necessário cantar para Deus
Mesmo não acreditando em nada
Um indeciso ao tomar seu lápis
Para rascunhar o projeto
Aplica no papel, toda e qualquer
possibilidade, e nenhuma
tende a ser possível.
Tudo perece esboço.
Para o indeciso é preciso pintar
a tela com mais algumas cores.
É necessário não estar no centro
mas, margear as beiras e vislumbrar
os mistério que o mundo guarda
para além das qualquer razão.
Frente ao relevo das imprecisões
Ele, envolto em dúvidas diz:
Talvez, Talvez...