PAUSA

E se fez uma pausa.

Nunca foi tão premente

ouvir a respiração do vento,

o ensurdecedor ruído

de uma folha órfã,

a beijar

a superfície da queda,

a maviosa mudez dos pássaros,

a escutarem o canto

tépido

da tarde agonizante.

A noite precipitava-se

em neófitas estrelas,

acobertando-se de uma escuridão

cúmplice

dos seus vazios.

Sentia o arfar das horas,

no esforço de entender

a urgência

das ausências.

O homem estendeu

o seu tapete de esperas,

os passos

inertes solicitavam

abrigo.

Nada mais se fez

tão presente

do que a paralisia

dos relógios,

parasitismo

dos ócios.

Necessária se fazia

aquela pausa,

ainda que não soubesse

a razão.

Era tudo o que lhe

restava

para poder renascer.

https://www.facebook.com/leonardo.goncalves.52493

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 10/04/2022
Código do texto: T7492422
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.