CORPO DE MULHER

Vês,

eras apenas

uma criança,

de corpinho frágil,

olhinhos de jabuticaba.

Brincavas

de sonhar

com verbos

floridos,

na boca

infantil

exalava

o ingênuo

perfume

de um tempo

que

não precisava passar.

Mas o tempo,

teimoso,

passou,

corrompeu

sua inocência,

nos tornou culpados.

Teus olhos

agora são florestas

de frutos probidos.

Tua boca

conjuga

outros verbos

não tão castos,

e o que exala de ti

nos embriaga,

nos apropria

nas horas impróprias.

Hoje,

porém,

continuas

a brincar

mas

com os nossos sonhos,

por trás do teu vestido,

dos desejos despidos

do teu corpo

de mulher.

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 13/04/2022
Código do texto: T7493959
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