A FARSA DE UMA ALEGRIA GENERALIZADA
A história dos
pacificadores e dos revolucionários
é quase tão triste
quanto a história
da alegria dos homens.
E aqueles
que são lógicos
não possuem o riso
e aqueles que são alegres
não são absolutamente felizes.
Mas
eu preciso te contar um fato:
a velocidade dos acontecimentos
que nos rodeiam,
sobre o que há
de verdadeiramente belo
ou mesmo medíocre
-- nós precisamos correr
dos bobos conformados
e dizer aos grandes conspirólogos
que não há segredo
algum
espalhado pelo orbe,
enigma qualquer
detrás das cortinas deste palco,
e tampouco
podemos afirmar a ausência
da teoria das conspirações
pois
no final das contas
não restarão
grandes coisas,
senão fragmentos,
pois a provável hipótese
é que estamos mesmo
lançados ao nau
sem nenhuma corda ou
superfície intata,
porque os grandes já afirmaram
que não é tão fácil
escapar da guilhotina dos babacas
que aos poucos
vão levando
a nossa sensibilidade
para um poço mais fundo
onde jamais poderemos
respirar
sem uma máscara,
por isso te falo
sobre a existência
de uma mentira
da qual todos
estão amarrados
pelas correntes
de uma falsa liberdade
que não é tão nova assim.
Então
vamos aos
poucos
mentindo e
enganando,
fazendo um total uso
de uma alegria
racionalmente
generalizada,
pois não importa mesmo
o fato de
saber que existem
no Nordeste
pessoas com fome
neste dia claro
mastigando farinha com água,
porque para
os lógicos isto já seria
é apelar para a realidade.
E te digo também que
tampouco importa aos
representantes do
povo
(comum)
a ausência
no mundo
de uma liberdade sã
e a concretização
de uma geração incompleta,
pois no fim dos tempos
não poderemos
escapar mesmo
e contribuir com grandes coisas
senão com nossos
ossos frágeis
para a fertilização
de uma flor rude
e violada
pois
tão pouco importa
se algo de fato existiu.
Leo Linares