Do norte
Vem conhecer...
A lua nascente que anda com as canoas, entre mururés e água-pés.Bata na porta estradeira, entre nos meandros dos igarapés; A casa de palha, a lamparina e a rede preguiçosa.
Anda vem ouvir rãs e sapos,
Cigarras de tocaias e grilos que garritam na festa do silêncio da noite fria;
Vem trocar com o caboclo a prosa na porta da mercearia,
Vem ouvir o sabiá versar o fim da tarde,
Vem ver nossos papá chibés nas pontes ou ruas inventarem um Mundo com carrinhos de lata, com as nuvens do céu e alegrias.
Anda vem ver o vaga-lume, entre os capinzais
Acender e apagar...
Aqui acolá;Aqui acolá
Anda vem...
Olhe um pouco mais para o céu
As estrelas estão brincando de viver
Vamos ver o mundo diferente
Vamos dividir as dores, que nem gente.
Já que a vida é tão curta,
Não temos tempo para criar guerras.
Pois que o tempo é para fomentar o amor.
Vem ver a noite esgueirar-se soturna na calmaria das horas maduras, Na maresia da brisa, na dança oportuna do Pirarucú com a vitória-régia;
Vem conhecer as lendas ...
Do Ipê,
Do tajá, da mãe d’agua,
Do boto com a coruja,
Da matinta- pereira, do saci e do curupira.
Vem ver as noites aqui do norte,
Não temos tanta sorte,
Mas vivemos como ninguém mais.