Do norte

Vem conhecer...

A lua nascente que anda com as canoas, entre mururés e água-pés.Bata na porta estradeira, entre nos meandros dos igarapés; A casa de palha, a lamparina e a rede preguiçosa.

Anda vem ouvir rãs e sapos,

Cigarras de tocaias e grilos que garritam na festa do silêncio da noite fria;

Vem trocar com o caboclo a prosa na porta da mercearia,

Vem ouvir o sabiá versar o fim da tarde,

Vem ver nossos papá chibés nas pontes ou ruas inventarem um Mundo com carrinhos de lata, com as nuvens do céu e alegrias.

Anda vem ver o vaga-lume, entre os capinzais

Acender e apagar...

Aqui acolá;Aqui acolá

Anda vem...

Olhe um pouco mais para o céu

As estrelas estão brincando de viver

Vamos ver o mundo diferente

Vamos dividir as dores, que nem gente.

Já que a vida é tão curta,

Não temos tempo para criar guerras.

Pois que o tempo é para fomentar o amor.

Vem ver a noite esgueirar-se soturna na calmaria das horas maduras, Na maresia da brisa, na dança oportuna do Pirarucú com a vitória-régia;

Vem conhecer as lendas ...

Do Ipê,

Do tajá, da mãe d’agua,

Do boto com a coruja,

Da matinta- pereira, do saci e do curupira.

Vem ver as noites aqui do norte,

Não temos tanta sorte,

Mas vivemos como ninguém mais.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 24/11/2007
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