MEMÓRIAS

 

O que ficou preso

Nas tramas do tempo

Jamais se foi,

Não se perdeu.

Descansa em silêncio

Sob os cotovelos

No peitoril da janela,

Desce com a chuva

Pelas telhas,

Está entrelaçado

Nas tramas da colcha,

Nos olha feliz

De dentro do quadro

Dependurado

Do passado.

 

Eu posso senti-lo,

Conversa comigo

No véu das lembranças,

As suas risadas

Ainda ecoando

Nos cantos da casa,

Seus passos marcados

Ainda impressos

Na minha calçada.

 

Mas a vida segue

Longe e perto,

Dentro e fora,

Do lado escondido

Da minha memória,

Em cada palavra

Da qual se compõe

A minha,

A tua,

A nossa história.

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 03/05/2022
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