Meditação

Ando à procura de um verso bonito

Para exprimir a saudade que sinto

Do que nunca tive e se tive é perdido.

Nas vastas muralhas dos meus labirintos

Rasgo a garganta e não ouço meus gritos

Esfolo meus dedos por tantos escritos

Que ocupam gavetas e nunca são lidos.

Serão meus espantos? Serão meus delírios?

Não digo a verdade, também nunca minto

Se falo é bobagem, se calo consinto.

Que a aranha desfaça a teia do destino

Então estarei fora do próximo círculo

Sem nunca entender a razão desse vínculo.

A dança dos astros por sobre o meu sígno

As cartas na mesa não passam de símbolos

O louco caminha pro seu precipício

O mago não passa de peça de circo

A roda desliza, o carro é partido

A torre fulmina seus anjos caídos

Do alto do nada a morte manda aviso:

A crença e a descrença não fazem sentido

A estrela que brilha não faz o infinito

O que resta é o caos, do diabo o sorriso.

Aldo Guerra
Enviado por Aldo Guerra em 23/11/2005
Código do texto: T75102