Ser

Na brisa leve que desafia o tempo,

Em sonhos breves duma pureza antiga,

Encontro-me.

Tal como o espinho pertence à flor,

Sou eu a dona do mal que faço.

Arrependo-me.

Não choro ao mau passo

Tampouco dou vivas ao acerto.

Concentro-me.

Busco o amor que tive

Agora já longe dos meus braços.

Perco-me

Sou eu aquela que vai longe;

Que deseja o amor mas fere quando tocada.

Sou eu aquela, como todos à volta,

Que é o avesso do que pensa, do que escreve.

Cecília Afonso
Enviado por Cecília Afonso em 25/11/2007
Código do texto: T751352