Deserto
Áridos caminhos
Desértico coração.
Peço a Deus que me mande chuva,
Ao menos lágrimas para molhar o rosto
Por onde passo, o calor me esfria a alma
Tudo se encharca de indiferença.
Nem as flores que brotam das pedras,
Nem as vidas que jazem no chão
Prendem minha vista, minha estima, meu pensamento
Como se o nada fosse o foco,
Único ângulo de visão,
Prossigo
Sem olhar pra trás e ver os pedaços que ficam de mim.
Rodeada pelos meus eus, meus fantasmas,
Sequer consigo atentar para os perturbadores sons do meu silêncio.
Mas a dor dos espinhos em que piso
Traz-me de volta de um profundo estado letárgico
E meus pés feridos, sangrando
Marcam, no chão rachado, o caminho da volta.