DUMBA

De orelhas grandes, pernas curtinhas;

De olhar atento e focinho escurecido;

Branca e amarela são minhas corzinhas;

Sou a pequena Dumba de olhar esquecido.

Eu vim a minha história contar.

Nasci já tem um tempo na universidade.

Por debaixo dos prédios, pode imaginar?

Dei sorte e sobrevivi até essa idade.

Eu vivia no portão, sempre desanimada.

Quando prenha, meus bebês lá nasceram.

Foram todos adotados e eu castrada.

O Projeto os levou e melhor vida acharam.

Mas, eu lá continuei, no frio e sem um lar.

Às vezes eu apanhava e ficava machucada.

Eu dali, não gostava, só queria mudar.

Sempre fui tranquila e era muita dada.

Um dia um casal o Projeto procurou.

E disse que me queriam com certeza.

O Projeto não hesitou e entrevistou.

E meus papais aprovados com altiveza.

Para o meu lar finalmente fui levada.

Tinham portas e janelas e lugar para dormir.

Tudo era diferente e fui muito mimada.

Ganhei cama e brinquedos e pude rir.

Recebi pais amorosos e um lar.

Aquele olhar triste deixei de ter.

Comecei a ter infância e a brincar.

A felicidade contagiou o meu ser.

Meus pais precisaram mudar de cidade.

Levantei as orelhas e o medo bateu.

Mas, foi só um susto de brevidade.

Me levaram junto e tudo esclareceu

Hoje moro em uma cidade diferente.

Meus pais não sabem viver sem mim.

Nunca imaginei uma vida tão reluzente.

Oro para os Peludinhos encontrarem um lar assim.

Noélia Alves Nobre
Enviado por Noélia Alves Nobre em 17/05/2022
Código do texto: T7517828
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