TENHO MEDO
Das desesperanças...
De não ter paz,
de matar, aqui dentro, a criança,
de crescer e não viver
ou, de não apagar, de mim,
a tua lembrança...
De ser triste e só;
Tenho medo sim,
do rancor e da revolta,
da tua beleza
e até de amar...
da doença do ciúme,
de perder-me do teu lume,
de chorar...
De, mais uma vez, acordar
e, enxergar a meia-volta,
e, sentir um passo atrás,
deixar de ter a tua fortaleza
a me abrigar...
Morrer no estio
sem o teu olhar,
ser apenas mar
quando queria ser doce,
por mais estranho que fosse
mesmo que vazio
mesmo que rio
e ter-te em mim a navegar...