GNOSE

Quisera ser a certeza

das coisas que não sei.

E ter-me nos soluços

do tempo,

os espasmos do que não vivi.

Sentar-me à mesa da escuridão

e catar as migalhas

de sua luz.

Desbravar-me,

embrenhar-me em virgens

florestas,

nas frestas das virgens,

para deflorar

as pétalas de cada amanhecer.

Ser o enigma

do indecifrável,

e decifrar-me

no estigma,

de ser o que

eu queria ser

mas que apenas sonhei

e perdi antes de acordar

das madrugadas frias,

das camas baldias,

da vida que não se anuncia.

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 03/06/2022
Código do texto: T7529633
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