Dossiê poesia

A poesia não resolverá

os problemas

do mundo

muito menos

resolverá

os meus problemas

Quiçá passageira

é um velho na rua

pedindo esmola

Pode ser também

um ninho de

pombos bêbados

só pode ser brincadeira

Deve nascer da

fraqueza inata

de cada poeta

Fraco eu sou

como uma vidraça

implorando por

uma pedra

Fraco eu sou,

simplesmente humano

deliberadamente humano

assustadoramente humano

(não posso negar o que sou)

Talvez seja

um recado ao mundo

sujo

inverossímel

doentio

miserável

Porque tudo que é belo

um dia já foi lama e dor

Talvez seja

um recado ao mundo

Eu existo

Eu amo a vida

Eu vivo o amor

Com certeza

cheira como

um lança-perfume

nauseabundo

Poesia

Coração e alma

escarrados no papel

Tudo o mais é pura bobagem

São José dos Campos, 17 de setembro de 2007.