poema disforme

quando se desencrava a palavra...

se alonga a tarde

se alargam as luas

um desancorar de ancas,

um adensar de poros

um roçar de patas

um refolhar de asas...

agônica nas inconsoláveis noites

ganindo silêncios

remoendo o nada

rebento na carne uns cardos

um corte de ilhas

diante dos olhos, imigrantes pássaros

meus pés me caminham até a morte

para o teu horizonte de íris

e sem alcançar o abraço, o beijo

o fremir do corpo, do gozo do ser

na tua compleição,

disforme peso de barro,

compacta composição que me escapa,

nessas horas plenas de distâncias

há um espremer até ao esgar da manhã

o que dizer? senão silêncios e alguma lágrima?

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 27/11/2007
Reeditado em 28/11/2007
Código do texto: T754123