SEGMENTO DA MODERNIDADE
Talvez esse amor não amado,
Ou aquele amor que se sentiu,
Mas não existe, nunca existiu,
O beijo sonhado que ainda insiste,
Seja parte de um armário mal arrumado,
Aquela arte que começamos a moldar,
E que por um motivo ou outro
Não conseguimos terminar,
E que um dia perde as cores.
Já perdemos o encontro
Por excesso de imaginação.
Vão as cores, ficam os amores!
Mas, e os humores exibidos, reprimidos?
Nada tem nada mesmo...
Não pense que está vazio, se está cheio,
Um veio de si à esmo.
A natureza cheirando e você alheio.
Hoje os cheiros são outros,
Outros encontros e restaurantes modernos.
Porque estacionar em antigos invernos,
Se o verão chegou e os apaixonados beijam?
Às vezes exagerados, sofrem calados,
Mas, até que fazem o que desejam...
E quando os carrascos percebem,
Eles já fugiram mais uma vez.
Não é fuga para o crime,
É uma fuga do inferno para o amor que eles concebem.
Os inventos são vivíveis,
Por isso que não são invencíveis.
Qual o sentido da modernidade,
Para o sem-sentido do amor?
Qual o sentido da saudade,
Para o fingimento do autor?
Nada vale o fragmento do amor primeiro,
Tem que ser o segmento de um amor diário,
Vivido por inteiro.
© Walterbrios