estranha a mim sigo esquivada do nó da opressão
minha porta aberta recebe guardiãs perturbadas
querem roubar-me a noite
o que ficará de mim quando apagarem minha negritude
trago nos pés cansados três tulipas e um pincel
não! não apagarão meu eu
que desce às profundezas da lama de um mangue assustado
onde viver é parir-se continuamente
a outra estrela Dalva fugiu do céu com Iansã
tiro das águas a exatidão de anoitecer em terras ingratas
eu sou a melancolia de Ficino
beijo mais o diabo que Deus
toda hora tem um leão no meu caminho
sê mulher e negra antes do devir-morte
DO LIVRO A SER LANÇADO EM JULHO DE 2022 - SOL NEGRO