luz rósea

há de se ver a vida como uma luz fraca,

rósea, escondida num porta-retratos

atrás da labareda de uma fogueira.

há de se ver a vida como uma alma sã,

mesmo que frágil, contando as horas

de um amanhecer distante, manhã pálida…

há de se ver a vida como um instante,

por um instante, feito areia de ampulheta

contando o tempo, desgastando a hora.

há de se ver a vida como um milagre,

mesmo que longe, muito sereno, aquém

de si e do próprio mundo, dançante e calmo…

e ferve a vida — arde a vida — chama atenta;

contaram-se as horas? o tempo se inunda

de um calafrio perpétuo — verde violáceo

como manhã de inverno. fizeram dela réu?

prende-se na própria areia da ampulheta —

que ampulheta? o tempo se encontra, morre

em si, e renasce como pássaro — uma coruja?

é a sabedoria fazendo hora, medindo a hora.

agora é tempo de se balançar — feito chama

da fogueira escarlate — luz rósea, onde estás?

vida imensa — onde estás? — dentro de mim…

onde estás? ah, se te vejo! e me vejo, enfim.

Letícia Montes
Enviado por Letícia Montes em 04/07/2022
Código do texto: T7552141
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.