Um certo amor...
Quando um dia te encontrei
no primeiro instante, não percebi
que tens os pés de teu pai,
as mãos de teu avô
talvez os olhos de teu bisavô
a altura de teu tetravô,
os cabelos de tua mãe...ou
a voz de um tio mais distante
que nunca conheci..
E toda essa mistura hereditária
que te compõe, nem parece
ser própria de ti...
mas roubada de outras gerações...
O que me encanta hoje, amanhã
provavelmente, me desencantará
quando o tempo me fizer
olhar todos os detalhes e concluir
que não és um ser inédito
na Criação...
No entanto, a tua essência única
essa, eu saberei amar..
E, se tiver paciência pra esperar
eu te verei como és de fato...
Sem críticas, ou desilusões...
Assim, como verás quem sou...
um espelho em que se refletem
traços de outras gerações.
Com uma alma própria
em evolução.
Mas pra isso é preciso ter
uma paciência atemporal...
um certo amor que chamam
por aí...de incondicional...