42. Sobre o Canto das Sereias

Em mais uma jornada

O Marinheiro se lançava

Rumo ao já não tão desconhecido

Oceano de possibilidades

Em busca do tesouro merecido

Enfrentou a mais voraz das tempestades

De água salgada, salobra, se viu entorpecido

Sentia cada um de seus dedos, adormecido

Com sua mente afiada

Aqueles feitiços, nós na mente, desatava

Lançados por aquelas Sereias

Tão belas quanto a obra divina que as rodeia

Tão cruéis quanto as mentiras que o acometera

A mais bela das Sereias, por fim, iniciou o seu Canto

Quebrando o espírito do Marinheiro, em prantos

A mentira mais ardilosa já contada

Penetrou a mente do Marinheiro, quebrantada

Era apenas mais uma jornada?

Ou a última de sua vida, tão bem aproveitada?

Para surpresa, para o vislumbre, daquele ser marítimo

O Marinheiro, criaturas mais ferozes, já havia combatido

E então, do Canto Final, o Marinheiro se livrou

Ao se lembrar de sua amada que outrora o salvou

Do Vício

Da Desgraça

Não seria um canto de uma Sereia suficiente

Para tomar o lugar de sua amada, em sua mente

O Marinheiro percebeu, por fim, a Verdade

A única certeza que lhe faltava

Para arremeter aquele agouro

Em sua casa se encontrava

A sua amada

O seu maior tesouro