Agonia
Um deserto imenso no peito.
Falta poesia, faltam palavras.
Barbárie por todos os lados, imbecilidade, truculência, absurdos incivilizados.
Eu sei, eu sei... Não começou isso hoje, nem ontem. Vem de longe.
Onde já se viu? Admirar-se com páginas policiais de jornal numa feitoria ocupada por senhores, escravos e capitães do mato? Desde Cabral o Brasil é Brasil, já nos ensinava um rapaz latino-americano.
Mas é que é difícil para uma só cabeça aguentar um país como esse, definhando, derretendo, descompondo-se dia a dia.
E por onde olho só vejo rostos cansados, desesperançados. Quem ainda tem um fio de energia tem que gastá-lo na luta por sobrevivência.
O restante subvive, submorre.
O que resta quando nada mais parece restar?
Seguir.
Brotará algo das ruínas?
A cabeça diz que talvez, o coração implora que sim.