ALÇAPÕES FAGUEIROS

Filhos são dádivas plenas, pétalas preciosas, faces de um dado misterioso.

Vêm encharcados de quereres, de cheiros pra untar, de gostos a flertar,

de petições a cumprir.

Filhos são cárceres ásperos, alçapões fagueiros, poços de constelações e estopins.

Trazem dores e unguentos, bênçãos e tropeços, rimas e ásperos chãos.

Filhos afagam, afloram, encantam, sacodem o mundo.

Também engasgam, emperram, esmerilham, esbravejam,

esgueiram pelas nossas veias e confins.

São rastros encantados, agasalhos ferozes, voos certeiros e errantes.

Filhos sufocam, encrencam, crescem, como crescem. Como crescem.

Têm asas sedentas, olhos matreiros, suores de Deus.

Levam a nossa alma adiante, por onde bem entenderem,

sem pedir licença e nem perdão.

São o nosso melhor troféu, o mais justo pedaço do que temos de mais lindo,

de mais bizarro, de mais desconhecido.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 14/07/2022
Reeditado em 14/07/2022
Código do texto: T7559451
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