Minha alegria é triste

Poderoso feito um deus,

Soberano como rei,

Com a misericórdia de uma rainha,

Mas de quê adianta?

Governo o universo de minha vida.

Sozinho, e só,

Não há ninguém para compartilhar.

Com quem compartilharei as vitórias de meu reinado?

Para quem contarei quem me ama?

Qual o sentido de tanto esforço?

Minha alegria é triste.

Sou coparticipe de mim mesmo.

Senhor de minha vida

E poderoso no meu reino.

Em minha vida não há sentido.

*E Não precisa ter.*

somente eu sou o espectador.

Apenas eu mesmo me assisto.

De minha vida sinto, que,

Ainda haverei de enlouquecer!

Carnaval de emoções.

Profusão de intensos sentimentos.

A plateia:

eu, e somente eu mesmo,

Assisto minhas batalhas,

paradoxal,

O rosto é angelical.

O sorriso é ardiloso. Malicioso, tal qual o inimigo.

Axiomática é a minha existência.

Poderoso e soberano, quero servir.

Servir aquele quem me vence, o vencedor.

Poderoso e soberano, quero estar preso.

Preso por minha vontade.

Poderoso e soberano, tenho quem me mata:

A liberdade.

Quem sabe, algum dia,

Me reserve o destino o amor que tenho

Que tenho e tenho muito a compartilhar.

Qual seria sua cor?

De onde viria?

E para onde vai!?

Chame como quiser

Sorte, destino, sina...

Garante apenas seu sabor:

Agridoce. Assim, e só assim, poderia o ser.

Às vezes, doce como o mel,

Às vezes, amargo tanto quanto o fel.

Dói. Deixa marca.

A marca da flexa do cupido.

Ou, ainda, quem sabe, o ferrão da soberana abelha rainha.

Feito.

Cantarei suas salvas.

Rindo e chorando sua alegria.

Ou mesmo, o infligido sofrimento.

Já não sei mais quem sou!

Mas sei que do medo sobreveio a esperança,

E da escuridão, rompeu o esplendor da luz!

Estou fugindo de mim mesmo, do passado dolorido

De caminhos incertos. Sem marcas deixar...

Para que dele a lacuna da memória

Jamais permita me recordar.

Doar-me-ei ao amor, e; mais e mais ainda,

Render-me-ei e, ainda mais intensamente

A quem me reserve a sorte,

Àquele que virá.

Mas se quiser a sorte, que seja eu ímpar existência

Viverei impávido!

Doar-me-ei, intrépido, a meus afetos próprios!

Afetos esses, que, digo eu à exaustão:

deixam-me vulneráveis.

Não importa se viverei só,

Morrerei só.

Não importa.

O que me importa é viver.

Viver sendo irritantemente eu mesmo,

Viver sendo intensamente eu mesmo.

Viver intensamente aceitando todo risco

Viver a 200 km/h.

...viver como numa partida de xadrez.

Em cada movimento

Aceitando tanto, e muito, e quanto perigo,

O que vir a fazer possa me expor.

O que, a suma das súmulas me importa,

é viver amando.

Amando intensamente;

Amando na tristeza;

Amando na felicidade;

Amando no próprio amor;

Amando na dor;

E amando a mim;

Amando até que a morte me visite.

Matheus Hipólito
Enviado por Matheus Hipólito em 16/07/2022
Código do texto: T7560776
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