CONTRALTO
Como se fosse por tudo taxado de proibido,
em nome dos depósitos sempre escondidos
e àqueles que ainda permanecem invisíveis,
que meu lápis, agora, mesmo muito tremido,
pretende mover as pedras porosas dos filtros,
e abrir a margem suspensa do verso que crio.
Porém, às vinte e uma, o que trago é repetido
— esta sinfonia masterizada dos seus gemidos
que ricocheteiam entre os vãos do quarto vazio
e, sob o céu da noite toda azul celeste, invertido.
Logo depois do poema, pego os fones sem fios,
e posso ouvir o contralto do seu último suspiro.