O MEU SENTIR

O meu sentir

é um sentir dorido,

desses de dar dó.

É pedrada na nuca,

picada de mutuca:

é como ele só!

O meu sentir

nasce lá do peito

e corre bem ligeiro.

É tapa na cara,

é dedo no olho,

balança-caixão.

O meu sentir

nasce lá do fundo

e pesa mais que o mundo.

É um sentir latente:

vem constantemente,

vem sem avisar.

O meu sentir, travesso,

cai como adereço,

veste-me inteiro.

Que sentir danado!

Sem ser convidado,

entra e estraçalha!

Faz-me de palhaço,

tira-me o compasso,

passo por canalha.

Chega de mansinho,

vem pequenininho

e cresce: baobá.

Ele nunca espera:

é, e não era...

Parece sempre já!

Que sentir maluco!

Mesmo que caduco,

não me livrarei.

Parece que o poeta

traça uma meta:

de sempre sentir.

E dói.

Antônio Carlos Policer
Enviado por Antônio Carlos Policer em 21/07/2022
Código do texto: T7564780
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.