NÃO É UMA CIDADEZINHA QUALQUER
Voltei à cidadezinha,
cidade minha,
da minha infância.
Quantas saudades
quando me vi,
sentado ali,
pés sujos no chão:
cabelo loiro,
corpo magrelo,
e também branquelo...
Que emoção!
De perto, a casa
onde vivi:
a felicidade, ali,
tinha asa...
Segui adiante,
sem mistério;
no cemitério,
muitos dos meus...
A velha estação,
o antigo campinho:
a estação, do jeitinho;
o campinho, só mato.
Passei por alguém,
me cumprimentou,
não reconheci...
Onde vivi,
que não me lembrei?
Adiante, um homem
(eu o reconheço):
não sei o seu nome
mas é ele, mesmo!
O bar do seu Zé,
da pinga de cartola,
nada mudou.
O mesmo é,
porém fechado.
Seu Zé, coitado(?),
deve ter morrido...
A mesma praça,
a rua da graça
(da alegria):
vila de cá,
vila de lá.
As sibipirunas
foram arrancadas!
Isso, eu me lembro...
E o jatobá?
Gente estranha
(que conheci)
estava ali,
tal como deixei.
Não reconheceram
o ex-menino...
E aquele sino?
Quantas vezes toquei!
Esconde-esconde,
balança-caixão.
Tinha criança
na rua. Tinha!
Bate, figurinha!
Roda, pião!
Traque, bombinha,
pipoca, rosquinha:
é São João!
A matriz e a capela...
Tantas lembranças
da cidadezinha
que não é mais minha...
Mas eu sou dela!