NÃO É UMA CIDADEZINHA QUALQUER

Voltei à cidadezinha,

cidade minha,

da minha infância.

Quantas saudades

quando me vi,

sentado ali,

pés sujos no chão:

cabelo loiro,

corpo magrelo,

e também branquelo...

Que emoção!

De perto, a casa

onde vivi:

a felicidade, ali,

tinha asa...

Segui adiante,

sem mistério;

no cemitério,

muitos dos meus...

A velha estação,

o antigo campinho:

a estação, do jeitinho;

o campinho, só mato.

Passei por alguém,

me cumprimentou,

não reconheci...

Onde vivi,

que não me lembrei?

Adiante, um homem

(eu o reconheço):

não sei o seu nome

mas é ele, mesmo!

O bar do seu Zé,

da pinga de cartola,

nada mudou.

O mesmo é,

porém fechado.

Seu Zé, coitado(?),

deve ter morrido...

A mesma praça,

a rua da graça

(da alegria):

vila de cá,

vila de lá.

As sibipirunas

foram arrancadas!

Isso, eu me lembro...

E o jatobá?

Gente estranha

(que conheci)

estava ali,

tal como deixei.

Não reconheceram

o ex-menino...

E aquele sino?

Quantas vezes toquei!

Esconde-esconde,

balança-caixão.

Tinha criança

na rua. Tinha!

Bate, figurinha!

Roda, pião!

Traque, bombinha,

pipoca, rosquinha:

é São João!

A matriz e a capela...

Tantas lembranças

da cidadezinha

que não é mais minha...

Mas eu sou dela!

Antônio Carlos Policer
Enviado por Antônio Carlos Policer em 21/07/2022
Código do texto: T7564782
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