UM TEXTO INTERIOR

De vez em quando,

a mulher perdida no íntimo

das palavras perplexas da poesia,

interpretou, à sua maneira, os versos

que lhe caíram ao colo do seu Interior.

Quanto mais ela lia

mais seus olhos cresciam,

quando mais desnuda a menina

a sua pulsação em picos desvairava

por mas desconhecida a lida palavra

por mais sem sentido a frase, a idéia

por mais inverossímil fosse o contexto

Uma poesia, uma recaída de hábito,

aguçara o sentido da interiorano Beatriz

para os descaminhos da assustadora Capital.

Uma janela se abriu para ver o rosto dela,

uma voz sem abstração cortou o silencio

e lhe fez falar, falar e falar tanto,

mesmo sem a mesma musicalidade de antes,

que, cuidadosa, advertiu ao catador de papéis

para ter cuidado com os rabiscos das folhas

que vão para o lixo sem devidamente lidas.

Feliz, Beatriz, saiu para falar com a vida,

deu um passo para fora de casa

brincou de criança no coreto

e, construindo sonhos lidos,

se perdeu pelas cidades.