Chorar é nada
Cada dia desta vida
É uma trincheira,
Uma guerra, uma luta renhida
Uma mesa posta,
uma escolha feita com iguarias
que vestem a fome,
tentativas de riso
Ou um sepulcro aberto de bestas
De carnes expostas, de sonhos apodrecidos
Cada dia desta vida é um fiasco
Um mergulho no desconhecido
No abismo do "ser", e punhos cerrados
Uma busca incessante
Por um pouco de paz
O almejado silêncio aconchegante
Em meio a tudo que não apraz
Uma luta sangrenta, tentativa vã de ganhar espaço
Engolimos o choro, o choro é nada
Sufocamos grito angustiado
Almejamos desistir da árdua jornada
Soltar os dardos, deixar ir...
Sacudir o pó dos sapatos
Mas continuar é como ópio
Rasga-nos, destroça, vicia!
E embriagados sacudimos o ócio
Pois não apetece dar-se por vencido
Secam-se as lágrimas nos olhos
É melhor embriagar-se do riso ...
do que chorar do destino inóspito.