" Infância "

Aconteceu a vida celebrando a vida

E fez de mim criança e imaginação

Olhar de lince, sonho de algodão

E uma curiosidade de ave de arribação

Então eu aprendí driblar a chuva

Andar de mãos atadas com o momento

Ter a eternidade em um segundo

E a felicidade como um movimento

As borboletas da alma imperavam

Quando era para louvar a fantasia

Como um punhado de plumas brincalhonas

Que vinham festejar o lindo dia

Banhado de alecrim e menta

Cantava como um verso solto ao vento

A brisa fresca do universo

Refrigerava-me em luz e sentimento

Compreendí que era alma, e o corpo

Era um apêndice de amáveis alegorias

Que eu usava e que servia

Para multiplicar as minhas alegrias

Quando o belo anjo vinha mostrar

A fada, a noite, os vagalumes

Eu adormecia abraçado

Entre estrelas e perfumes

Se a noite vinha brincar de cobra cega

Lembrando que há o momento da escuridão

Pedia à chuva e ao sol um arco íris

Que me carregasse em sua mão!