O VAZIO DA SAUDADE.

Raios de sol sobre

O orvalho senil da relva,

O ruído do meu avô raspando

a goela,

O rouco ruído da pedra ralando

o milho,

O canto do canário no telhado,

O novo dia se impondo,

Batendo as botas como um capitão.

Entre o vão das árvores

A brisa rema inquieta ,

seu frescor congela o sangue,

O frio resquício da madrugada

Eriça os pelos , comove a pele virgem,

E assim todas fantasias

da noite vão dando adeus.

Um anu preto rasa voo

sobre a ramagem da imaginação,

Tudo se perpetua na saudade,

Dói demais,quando o destino

Impiedoso arranca as raízes.

Morre neste resto de madrugada

as últimas quimeras de um dia poder

deliciar do banquete que se serviu

na infância.

Enquanto isso umas lágrimas

apontam nos olhos já bem cansados,

Tudo agora é só imagens,

Isso dói, dói demais a lembrança ,

do tempo inocente do passado.

Não há mais jeito

O tempo se foi de fininho,

Como as águas de um rio

Que escapou de um lago.

Resta apenas, agora é sempre,

O vazio desta saudade.

Angelo Dias
Enviado por Angelo Dias em 03/09/2022
Reeditado em 03/09/2022
Código do texto: T7597153
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.