Ponto Final

Quando na morte

Alguém perguntar

Pela minha sorte

Não lhe direi nada...

Pois ficarei calado.

E deixarei por silêncio profundo

A sala onde eu repousar.

Serei branco tal qual pombo que voa

Num farfalhar de asas, colorindo de paz

A minha trajetória campal.

E verei que o silêncio...

Inda mostra o amor que me tens tu.

E sentirei que ainda ouço os sussurros

Dos lábios vermelhos de dor

Daquela que um dia condor

Voou nos meus mais belos momentos,

E sentirei então que me deixas

Tal qual deixa seus passos num compasso tão lento

E o farfalhar das asas do meu pombo afinal

Só vai lembrar-me do presídio em que eu fiquei...

Meu Deus!!!

Porque na morte eu não falei...

Porque deixei me levar por birra

A esse ponto final?

Vicente Freire – 03/01/1983.