FIM
O dedo pressiona o pulso
Apalpa aonde a veia pulsa
Conta por batida multiplicada
Cada pancada que ausculta
Se pusesse força ouviria apupos
Estilhaços entupindo artérias
Fosse delicada sentiria os sussurros
Do sangue entremeio alvéolos
Discutindo brônquios
Consumindo as células
Irremediavelmente bêbadas
Largadas ao relento na areia
Bem entende da linguagem que circunda
Ligando os tímpanos ao estetoscópio
Fraseando arranjos alveolares
Nos trastes de uma viola enrustida
Rendendo-se a melodia do tempo gasta
De tanto afinar as cordas da vida
O dedo ainda sente impulso
Apalpa aonde a veia pulsa
Atento à batida replica
Cada pancada que perscruta
A cura assemelha-se a um circo
Cuja pele que recobre o corpo
É lona lisa úmida ao sereno
Prendendo artista e arte ante a pena
Pelos olhos do espetáculo rústico
Entre a dor e um delírio mútuo
O medo abandona o pulso
Já não apalpa a veia não pulsa
Não há batida nem mais nada
A vida enfim fora expulsa