Por sótãos e tetos de algodão

Vistes a palmeira que deixara brotar neste verão?

Vistes o céu de marsupiais gruindo de um gruído estranho?

Por acaso

Estranhou que os tetos não são mais de algodão?

Fizestes perceber que tudo jogado fora

Como uma cesta, uma bola.

De tudo um pouco sábio.

Um livro, um disco.

De tudo um pouco história

Seus pertences, a memória.

Passam devagar

Certeiro e sem medo

Lastros daquilo, que um dia.

Fora seu abrigo

Fora seu refúgio

Fora o pão

Do caramujo que há em ti

Não percebes que a vida é uma casa de mil portas?

Onde o único terror que o faz temer é o dos próprios sonhos?

Já parou pra perceber que não há mais geada?

Saia amigo, já amanhece.

O sol chega e teu dia escurece.

Saia anfitrião

Há mais na vida do que bolas, sapatos e servidão.