Eu poesia

A minha poesia quando vaga parece ser criança

Dessa que, de tão levada, vive aprontando molecagens

Para chamar as atenções e a carapuça de ser sério.

Ah! Poesia que contorna e me adula, te vejo assim

Como um remédio para todos os males,

Assim como rio banhando os meus pés, levando

As dores do cansaço para longe do meu corpo aberto,

Que vive a receber todo o esplendor que a natureza oferece.

Ah! Poesia Sol; Ah! Poesia tempo.

Ah! Poesia quimeras-verdades.

Ah! Poesia pássaros; Ah! Poesia eu...

Que desvaneço na margem da poesia,

Tentando me misturar a ti e caminhar por todo este mundo,

Mostrando-me de várias formas...

Como de várias formas se faz poesia.

Ah! Poesia do outro lado infinito,

Meus olhos absortos te espreitam

Querendo visualizar o sonho;

E na margem dessa poesia água, ultrapasso sem me molhar,

E diante de ti me prostro em seus braços, que

Como num ninar me leva para outros sonhos

Que parecem querer arrancar de mim meu espírito.

Ah! Poesia, como é duro acordar para a realidade.

Vicente Freire – 02/04/1985.