CARNE DE SOL
Carne curtida ao sol
Carne macerada pelo sol
Carne que arde no sol
O sol da labuta, do arado, do sertão
O sol da solidão
Do trabalho iniciado, continuado, infundado...
Carne que mata a fome sertaneja
A carne da peleja
Queimada ao sol como a chama do fogo
Do povo
Que cruza a linha, rompe a sina e traz o novo.
Mais um verão
Um novo rasgo, um novo golpe, outra imigração
Um novo amanhã
Pés descalços, fome e compasso, parto e separação.
Carne de sol que mata a fome
Carne ao sol que rasga a pele
Maceração, diáspora e imensidão
Mar de gente
Na rima que desanima, desafina e tece
Uma nova nação
Parida na centelha, da resistente carne que arde no chão.