in ... interno... dentro.

...

Tudo preso, amordaçado, reprimido

nem é o grito, ou a letra, ou a dor,

é tudo que não é lá, nem cá, tudo

embalado, destruído, teso e dolorido.

Os olhos que não se viram

outros que fogem mesmo virados

a gama de de lascas acumuladas nesta estrada

as árvores que nem foram sementes ainda

estão lá, ou não, e sim, querendo respirar,

mas silenciadas, amedrontadas, encurvadas, quase mortas.

Aquilo que escapa, brilha e volta,

não é visto, atendido, aplaudido,

só mais uma de tantas dores de muitos adoentados

acorrentados, mal disfarçados, meio felizes, meio tristes,

ivivos, desvivos, anvivos

existindo no peito, no cérebro, na alma, na planta do pé,

onde você esconder melhor.

Mas lá, definitivamente lá, dentro, internado em cada um

de nós, de vós, tantos sóis, tanta sombra sem voz.

Eu sou estômago de mim mesmo.

Olisomar Pires
Enviado por Olisomar Pires em 22/10/2022
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