QUANDO A ALMA VOLTOU PRA VIDA

Tem vezes em que a alma se zanga,

fica turva, enfeia de vez.

Nessas horas seus ossos fraquejam,

ficam indigestos, capengas,

titubeiam e desnorteiam seu chão.

Então a alma descabela, entristece,

bagunça a fé, destoa o legado,

fica ranzinza, maltrapilha, triste mesmo.

Nem os anjos e o ar se dão conta disso,

é coisa que só relampeja dentro dela,

não mostra pra ninguém.

São dias aflitos, trêmulos, cabisbaixos.

Mas, como tudo, não é eterno.

A alma se lembra daquele pedaço que

guardava esquecido num porão.

O pedaço sem gosto especial, de textura amena,

sem a pretensão de estrear, encantar e nem fazer bonito.

Daí chama o tal pedaço.

Ele fica reluzente, anima suas turbinas,

tira o pó da pele, limpa a ferrugem que infestava

cada poro e cada canto.

E vem à tona aquecido. reluzido, decidido.

Lindo como nunca tinha se feito antes.

Ter se lembrado dele o fez gigante,

o fez se maravilhar, o fez virar universo,

Assim a alma recompôs seu canto, sua graça,

e o seu legítimo caminhar.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 26/10/2022
Código do texto: T7635949
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