'era uma vez...'
a boneca de corda, de longos braços e pernas
do vestido puído, dos lábios cerados e cabelos capim
magriça e calada, estendida à colcha-de palha-trigo
tão estática : "appassionata"
a boneca de corda dum olhar, profundo, azul
não diz, não faz , não quer e de não existir
se dorme entre palavras, se molda à linha de si
enrugada de letra e poesia, silenciada n’olhar
a casa velha, a lenha sem queimar
e o pormenor à fresta das folhas:
a boneca de corda, dos braços e pernas,
em laços e nós de tristecer o instante
:
[ali, em meio ao dorso do livro
palavras e uma boneca de corda,
meu marcador de páginas]
.