Lugar Comum

Dias em dias/

A gente tenta/

Sair vencedor/

E tudo que se inventa/

Não vai a além do corredor/

Aí se perde a paciência/

Queixa-se de nossas deficiências/

Até nos sentirmos inúteis/

Ficamos a beira do rio/

Fixados na dormência da dor/

Fomentamos a consciência/

De ser o pior colaborador/

Envenenados saímos mais mortos/

Do que vivos/

Invejando os amigos/

Alimentando a vontade de matar/

A vontade de morrer/

De ser o monstro/

E muitas vezes cegos/

Perdemos a oportunidade do rumo/

E bem diante de nós há aquela casa/

Com jardins/

Onde as flores sorriem sem fim/

Se acordamos e virmos/

O sol raiando ou os pássaros cantando/

Bem ao nosso estilo, ainda assim nos queixamos/

Só esquecemos, de refletir/

Que os mortos não podem mais sorrir/

Que tem pessoas/

Eternamentes presas em suas deficiências/

Mas a alegria flui só com o abrir/

E fechar dos olhos/

Viver é essa incógnita/

Que a arte cogita/

Na tentativa de imitar/

Mas se limita porque viver é amar/

Quando tudo te parece difícil/

Como no ofício/

Se encontra a saída/

Porque o ponto de partida/

Nada mais é que um recomeço/

Num dos lados/

As dificuldades começam/

Pelos desejos e decisões/

Envolta em erros /

Quando não são originadas/

De um certo mal/

Mas se a gente quiser/

Matar ou salvar/

Depende de nosso aval/

Não se pode trocar os membros/

Mas se pode mudar o rumo/

A luta sempre vai ser árdua/

Mas se tem que realizar o sonho/

Por que não fazer desse solo seco/

Brotar a comida/

Que mata tantas fomes/

Afinal não há lugar no mundo/

Nem por um segundo/

A quem ver tudo/

Pelo lado escuro/

Pois nós nos originamos da luz/

Eu te asseguro/