ZAGAIA
Se você dança pra vender felicidade,
sabe que a fome existe na panela,
e vira côco, tambor e arreio,
na passada nervosa da urgência.
É espinho encravado no juízo,
que atrela os cavalos à noite.
E vai longe o que se entende da vida,
quando se está fincado na terra rachada.
De repente é o grito do que está abaixo da terra,
sete palmos separando a insistência da salvação.
Assombração no bico do pássaro preto noturno,
engolindo faísca de estrela no lago a secar.
Tristeza só quando a guerra é inevitável,
retumbando atrás do morro, atrás de outro morro.
Se você dança pra vender felicidade,
sabe que a morte existe atrás da porta,
vira culpa, zagaia e vela de sete dias,
na invenção do medo que encurtou nossos dias.