A MADURA IMATURA IDADE

Que saudade

tenho dos tempos

da doce ignorância,

quando descobria

mistérios banais

na mera circunferência

dos ponteiros.

Assomava-me

a dúvida,

fiel companheira

das divertidas

descobertas do porvir.

Cultivava-me com adubos

de ingenuidades,

no solo fértil

de um aprendizado qualquer.

A vida era palco,

descortinando-se

em mil e uma novidades

e a plateia aplaudia,

extasiada,

o espetáculo

que nunca

havia assistido.

No mais,

era a percepção

de que tudo

era uma agradável

incompreensão

e não valia

a pena tirar o uniforme escolar.

Mas aí,

o tempo

emprestou-me

barbas e cãs,

aportaram as desagradáveis

convicções

e a soberba

veio aboletar-se,

roubar meus sorrisos

mais inocentes,

guardados para

quando conquistasse

o mundo.

Tudo se fez

tedioso,

e comecei a chorar,

pois não havia

mais espaço

para me iludir.

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 02/12/2022
Código do texto: T7663188
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