FALANDO DO AMOR

Falar do amor exige paciência e candura na alma,

algo como torpor juvenil ou arrepio causado por sopro na nuca,

talvez uma certa irreverência rústica. alvissareira.

Falar do amor é algo sagrado, carimbado nos céus,

que desafina afinando, que titubeia acertando o passo,

revira a noite do avesso até virar descaso, virar sumo.

Falar do amor convoca seixos abruptos, afincos,

daqueles que permeiam os chãos a serem untados,

daqueles que dão canseira às nossas asneiras fugazes.

Falar do amor revida o ódio em flor, a dor em brisa,

deixa os mestres surrados, feitos baratas-tontas,

deixa Deus arrependido de ter nascido.

Falar do amor extrai sumos da fé, do destino,

castiga os medos e a compaixão como nunca se quis,

esmorece as garras puídas da verdade em réstias mil.

Falar do amor aguça fôlegos e destrona rebarbas,

traz à tona estopins atônitos à cata da luz,

reverbera o sangue numa purpurina linda.

Falar do amor enobrece o que foi apedrejado,

acaricia as têmporas soturnas da paixão,

deixa o tempo pianinho e a voz de peito erguido.

Falar do amor é premente, mandatário solene,

esvai rastros atracados de querer- bem,

acena pro melhor com todo seu reinado,

com todo seu passo sorrateiro e feliz.

Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 04/12/2022
Reeditado em 05/12/2022
Código do texto: T7664180
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