NATAIS

NATAIS

O que dizer depois de tantos natais

Poderia dizer que a cada um

Um renascimento

Ou quem sabe renovação esperançosa

De tantas expectativas e vontades

De poucas mentiras e muitas verdades

Mas qual o que não é o que se vê

Há tanto desenvolvimento

Tanta tecnologia

Mas não parece haver envolvimento

Daqueles que vivem o dia a dia

Há uma certa decepção

Dos rumos da humanização

Uma importância exacerbada do possuir

E uma desimportância do usufruir

Das benesses do desenvolvimento

Um egoísmo indescritível

Do ter a qualquer preço

Do virar do avesso

As conquistas da ciência

O menosprezar da consciência

De que daqui nada se leva

Esquecer que o que enleva

É o amor o carinho

A paz do caminho

A fraternidade a felicidade

De momentos juntos

Que impere o conjunto

E não individualidades

Desigualdades

Que a nada levam

Apenas encerram

A vida sem amanhã

De esperança vã

Da inutilidade do existir

Sem entender que o ir

É inexorável a viagem

A viagem sem retorno

É destino

Portanto é desatino

Essa loucura que nos invade

O afã da propriedade

Do que não nos pertence

E nos faz ausente de essência

Grande excrescência

Da chamada humanidade

Que não passa de desumanidade

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 23/12/2022
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